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Mostrando postagens de 2012

Sem alma

Sou peregrino andando em mim Ruas, avenidas, alamedas Sem RG, poeta se disfarça Andarilho só quer ser livre Na cidade sem alma Eu viajo... a seta está cravada Em um mundo em desencanto Não há destino para andarilho Vou no silêncio das luzes Voando feito pluma Consigo ver a inutilidade De quem não quer olhar Eu percebo a falta de ar Na cidade dos objetos Na cidade sem alma Há adultos fora da hora Crianças sem escolas Hospitais sem médicos Esqueceram, o que somos Não quero ser um objeto Sou um ser em extinção Consigo descançar  A sombra dos insetos Nas trilhas das formigas Consigo entender suas idas e vindas O sentido do  trabalho Antes do inverno Sou peregrino, não mendigo Não vivo de esmola Tenho no bolso ar Tenho no bolso a água O sol é meu companheiro Sou rico, busco almas Sonho viver em uma cidade Cidade da Utilidade Onde os homens  são meninos E meninos homens com almas

Presente

Brotada em água  Não uma Vitória- régia Arte do homem... Por poucos dias, Flutua a majestosa Olhares diversos Olhares dispersos... Longe de sua sombra Distante são seus frutos As luzes e brilhos Um espetáculo!... Presente da cidade A cidade está nua A cidade está suja Mendigando suas dores Maquiaram seu rosto Vejam a grande árvore! Realmente a maior de todas Logrando o sentido do nascer O natal do menino Deus Presente por poucas horas Por poucos dias Pelos frutos se conhece A árvore e o agricultor E o dono da terra Diz:-Quero seu coração Da-me  ele de presente Sua mente está doente Nasça de novo Este é o maior presente Que todos precisam ganhar

Flanar

Quero flanar Ser uma pena Levado ao vento Sondar o precário Nosso outono trágico Ausência de primavera Folhas e homens ao chão Tudo que não sei Eu sei... aprendi nas ruas Flanei  nos becos Nos  labirintos dos guetos Embaixo das pontes Tropeçam os homens Em pedras, pobres zumbis Precariedade extrema Flagelos sem opção Entre lama e sangue Flanei a conversa  De uma criança...  Marcou-me a sua alegria Feriu-me sua dor Sem confidência, sem fingir Domingo vou passear Vou ao presidio Lá está minha mãe Ela fez o que não devia Em meu flanar Eu os vi  bebendo refresco Com bolo de fubá Entre os muros cinzentos Os guardas não podiam conter Lágrimas e risos de felicidade A meiguice de uma mãe que sofre Voz embargada, sussurros... Não pegue no que é do outro Fique livre... siga limpo...

Sinal

Tu me pedes um sinal O de Jonas ti basta As pedras clamam Em Társis não se chega Tens fugido da verdade Uma nova Nínive haverá Com o seu olhar de carne Não consegues enxergar Tu me pedes um sinal O clamor de dores, Clamor de horrores Tem chegado a mim Tu me pedes um sinal Eu virei nas nuvens Uns se alegrarão  Outros chorarão Todos os joelhos se dobrarão A grande Babilônia jamais será achada Haverá um novo céu, Uma nova terra O dia, a hora, só ele saberá Vigiai!, Vigiai! Quem vos fala é maior que Jonas.

Não dito

Suas palavras não ouço Mas elas foram ditas Voz sem som O livro que lhe dei A capa, as palavras Cortaram sua fala Como faca De dois gumes Eram sedas, eram espinhos Era água, era sal Suas palavras não vieram O silêncio do não dito Falou demais Tem doído meus ouvidos Não há tempo e nem espaço Não se foge em silêncio Há um olhar que sabe codificar O não dito é um dito Está escrito, bem escrito... Chega de se enganar.

Na pele

Tenho andado no meio do nada Embora no meio de tantos Ando assim há muito... Na superficialidade Insensivo, passivo Tenho tomado ansiolítico No divã de mim mesmo Confesso minha patologia Estou muito superficial Não percebe, não vejo... Não sinto além da pele Não queria ser assim Queria sentir as pessoas No meu mais profundo Além da minha derme Além da minha hipoderme O remédio do mundo Não tem me mudado Sonho ser feliz.... De dentro para fora Sem artificios Das drogas e outros vicios Alegria, só minha não me basta Quero a sua Quero não ser artificial Quero me curar do superficial Quero ir além da pele Quero sentir com o coração Fluir mais aos outros Fluir mais compaixão O que não quero, faço O que sonho, não consigo Me ajude!, me ajude! Não quero pra mim Não quero pra ti Não quero fingir Está em minha pele.

Sem saída

Estamos a girar.... Hamster em sua roda Girando, girando... Exercitando o corpo Homens decaídos Em cada esquina Exercícios, academias Frágeis criaturas Em suas esteiras Girando, suando Corpos sarados Homens doentes Sem saída.... Os neurônios Em um massa Cinzenta nebulosa O mundo não melhora Hamster e homem Algo em comum Forçado em sua roda Gira... Gira o ratinho O homem e suas experiências Nas esteiras patinam Simile hamster sem saída Autor e vítima: da doença do mundo...

A busca

Milênios, séculos, a busca constante Grandes e pequenos pensadores A busca por instantes As intrigantes questões, soluções O belo, o bem, a verdade Onde estão, onde encontra-los? O que mata a sede faz bem O belo vejo na canção O belo alimenta minha'alma A tela, pôr do Sol, mar Sorriso de crianças ... Tudo isto faz bem Tudo isto é bom... A verdade indagação de Pilatos A verdade mata a sede A verdade mata a fome Quem só alimenta o corpo Sente fome da verdade A verdade faz o bem A verdade traz o belo A verdade nos disse: Deus é amor O BELO, O BEM, A VERDADE Ainda que lavemos nossas mãos A verdade existe e resiste Apesar das mentiras Dos homens lobos Há cordeiros no rebanho Comendo deste bem Há cordeiros vivendo este belo O que negamos é o que nos falta MASTIGAR E COMER A verdade nos faz falta.

O filme

Em tela que não é plana A poesia em agonia Virando notícia fria Não paguei para chorar esta cena Todas as manhãs imagens similares Cores de sangue, dores Batman não pode conter A Aurora negra Nada ficção, Acão! Cavaleiro das trevas Ressurge em cada esquina Rio, São Paulo, Síria... Fanáticos, lunáticos Zumbis movidos por pedras Destroem a flor em botão Não paguei para chorar... Cenas de juventude em miserabilidade Filme sem rumo Choro real em muitas casas Pavores , horrores.... Em Cenas ressurgem Mocinhos , bandidos Um silêncio de dores O filme não acabou Lágrimas... lágrimas

Essência

Triste fim é assim Razão por demais Nos inquietou Matou, feriu, destruiu A essência esquecida Dela os pássaros dependem Dela abelhas e flores O homem não percebe A racionalidade de ter A razão que destrói As ruínas marcam nossa passagem Nossa essência estudos de ciências A imagem de Deus se perdeu O homem um retrato opaco Da essência desta terra Somos criados, imagem... Não rascunho.... opaco Seres com alma Me resta saber Como serão as vidas Guiadas por robôs humanoides? Ocupando praças, projetando vidas Não mais a essência Divina Máquinas imagens dos homens Vidas sem Vida.

Em um Canto

Tenho chorado Não é figura É linguagem de uma dor A semente do amor Não sei, fora pisada Minha esperança Homens crianças... Os homens de pedras... Tenho chorado Estou desfigurado Minha intenção Plantar e colher Há inverno nos homens Minha semente Entre o asfalto e a calçada No canto de uma marquise Irá brotar? Um menino me diz Tio que frio... Minha semente Trigo...somente Trigo semente Abrir a mão Minha intenção Minhas lágrimas Gotas de ação Pão para o corpo Pão para a alma Há fome Com nome Sobre nome... João Ninguém Da boca ao coração Se o pão germinar Haverá um outro ser Com nome e sobrenome João Filho de Deus.

A verdade

A vida não é alegre Ainda não somos capazes Há ameaças...o caos Não nos rendemos As explicações divina Nietzsche e seu deus Você tem razão... Alias ele nunca existiu Morreu....o homem E o super-homem Estamos procurando Onde está, onde atua...? Nas casas, nos becos, nas ruas ?! Feito pela mãos dos homens Tem boca não fala... Tem ouvido não ouve O deus de Nietzsche Não fora encontrado A nanotecnologia Enxerga o minúsculo O super-homem É muito raquitico Estamos com dores Estamos com medo Perdemos os anéis Perdemos os dedos Precisamos sobreviver Os dias são negros Precisamos dizer não Indefinidas...teorias se repetem O que mudou?....nada Há algo definido Inteligente Nietzsche Onde estava seu saber Em seu iluminado ateismo ? Algo que não envelhece Não morre Feito água Feito luz Não criou teoria Ele um humilde homem Morreu por amor A verdade definida Imutabilidade Encontrar saída? Não carregue suas mochilas Teorias...sofismas Deus não morreu.

Anjos

Há anjos em nosso meio Anjos falam nossa língua Não enxergamos Não hospedamos A lição de Ló esquecemos A cidade em caos Uma Gomorra que morre Sem dono... Sodoma Os Anjos falam Por minha boca Por tua boca? Não temas, eles falam A terra treme A terra geme O principio das dores Quando o fim ? Não há data Não há dia Não há ano Não ouça os homens Com os anjos Em um piscar de olhos Em nuvens virá O dia fatal O juízo eternal O salvador das vidas Será saudado... Pelos anjos pelos homens Homens que se fizeram de meninos O dia fatal... O dia do choro eternal Choro de tristeza Choro de alegria Tudo está consumado.

Nomes

Não se pode ver Não há tempo, espaço Elas têm nomes Elas rolam marcando Fogo, ferro, água Seus nomes são lágrimas Abandono, cão sem dono Desamor...elas rolam Está na boca do Acre Inundando as casas Animais e homens A espera da arca de Noé A espera de um pé A espera de uma mão As chuvas que não secam Fogo, ferro e brasa As lágrimas tem codinomes Descaso, omissão, fome Está no ventre do Piauí Lágrimas sem água A espera de um pé Mato qualquer... Chão rachado Quando virá lágrimas? Chorar conosco E nos trazer Uns dois dedinhos de água Estas gotas invisíveis Em meu rosto têm nomes Solidão, sofridão... Não quero ofende-los São lágrimas...

Flor em deserto

A caravana vê os cactus Espinhos , não flores Quem anda em deserto Só espera água E morrer na areia Um olhar em desalento Um olhar desatento Deserto, garganta sedenta Lá está solitária beleza A água do seu olhar virá ? Uma flor dura pouco Instantes de vida Rara beleza Sombras que refrescam Retinas atinam Pode não haver o amanhã Ficarão as águas Nuvens sem chuvas Sinais não exatos Lá estão cactus... Lá estão espinhos... Lá a bela flor... Será para quem? Viajantes que se arriscam Olhar uma flor Acharão fontes... Lágrimas de alegria Flores e homens Paisagens amenas Nem só de água vive a flor Nem só de água vive o homem

Bicicletar

O ritmo das rodas Nas cidades dos homens Automóveis não se movem Bicicletar é hora Bicicletar... sonhar Em que ruas pedalar? A vida não parou Para o bom ar no rosto Diz Sophia: quero bicicletar Sabedoria de criança O carro mata Sou pequena Meu avô é grandão Ele sabe bem bicicletar Eu sonho como Sophia Barulhos de risos... Idosos, crianças Não acordem os carros Quero aprender bicicletar.

Penso logo...

Meu Caro René quero entender Angustiante realidade das cidades Seres, pessoas sem reconhecimento Seres aniquilados Catástrofe humana, inverno de morte O amor, não amou, esfriou... Não-pessoas em todas as partes Não-pessoas, estranha classe de pessoas Desaparecem nos presídios Não há juiz de Plantão Nos corredores dos hospitais A espera da morte Não há médico para as não-pessoas Caro René quero apenas dizer Não há nada tão angustiante Do que existir, não existindo O que é ignorado não existe Há não-pessoas nas ruas, nas calçadas Nas escolas, nos abrigos, nos cortiços Descartes... penso em exclusão Há um buraco negro em nossa selva Ignorar as não-pessoas será o fim Um mundo quadrado, patologicamente Condomínios doentes...desagregação da mente Não há aproximação, anomalia, esquizofrenia O que desejamos? para onde ir? Sempre que desejamos, nos falta algo Desejamos o que não somos Assim o desejo é sempre o que nos faz falta Precisamos do outro para existir Pessoas, gente como a gente.

Aldeia

Me doeu pensar assim Quando alguém me diz não A vida diz sim Há tribos com iPod, batatas fritas Não me venha com seu pensar Vou baixar a banda da hora Os índios de minha terra Sem opções Pensar em Dourados Não há ouro Não há prata Comer e beber Coca-cola, hamburguer X tudo, X salada Não há peixe, mandioca Vidas em desafetos Vidas Afetadas A morte não agenda a hora Estamos na mesma canoa Imagem efémera Vaidade, das vaidades Tudo se vai...

Gavetas

Nas gavetas não se prendem Sentimentos, pensamentos O que criança fala é bom escrever Algo muito mais feroz que as traças Cupins não entende as metáforas Metáforas entende os Cupins Eles podem comer o papel Eles podem comer os versos A poesia jamais No obscuro, há luz Em gavetas estão os sonhos Apenas a espera de asas Voar por todos os cantos Para nos intrigar Com perguntas sem respostas Eu quero entender Vietnã seus inocentes Eu quero entender O homem na lua Marcas sem futuro Seremos os primeiros Perguntas sem respostas Respostas sem perguntas Morre quem for pacifista Na luta de seu sonho Nas gavetas dos generais, guerras Na de Luther a paz Não há vencedores Perdemos no olhar Podemos no observar O que a criança fala Homem não escreve Continuam em gavetas Pesadelos... Não podemos dormir Em lágrimas... Buscamos respostas Para quem este mundo? Para os meninos homens Ou homens meninos?

Em vermelho

Há muitos em vermelho Gerações em vermelho Há uma justiça em vermelho O sangue dos inocentes A febre de muitos em vermelho Crianças, idosos, vidas em vermelho Uma dívida não paga Séculos, e séculos... Mundo de caçadores Mundo de acumuladores Caçadores de gente Senhores de inventos Monumentos tijolos de sangue Artérias que não se estancam O mundo não se sustenta Bebe de um circo Migalhas de pão Sabemos o que nos afeta Um novo chip... Filas nos shopping Inventos piratas Coisas da China Velocidade da luz Ufa! estamos no vermelho Silicone não esconde O rosto do cruel caçador Até no fundo do mar Insano consumo Insosso pré sal Quando virão os jardineiros ? Com suas sementes Cultivar os frutos do bem Os pássaros e os lírios do campo Sabem como comer Como se vestir Lições do Filho do homem Querem começar ?

Embrisar

Um vento calmo conduz Eu, o mar e meus versos bronzeados Sem a sua presença... Corpos e versos pálidos O sol não se faz poesia Só uma canção de lamento Pôr do sol solitário Não é belo, não há arte Não é luz, não há líquido Sem você tudo é concreto Choro um chumbo pesado Sinto sede das ondas Beber de sua presença Maquiagem, de corpo salgado Conversas de namorado Brisa e brasa não se apagam Dunas que se movem Levam nosso amor Sempre que o mar embrisa Ele me trás você Em um crepúsculo... Com sabor de beijo Grão de areia Em minha pele Não dá pra esquecer...

Ler

Pergunte-se...pergunte-se ! O que significa ler? Um livro frente aos olhos? Para muitos é isto, infelizmente Um livro, um verso, uma frase Em frente aos olhos não é nada Estamos armados até os dentes Internamente em guerras... Precisamos nos desarmar Com esta qualidade de coração... Resultado de medo, raiva Resultado de inveja e da ganância Não se pode ler... somos ignorantes Não é possível ...não se ler Há um grande abismo Pobres e ricos... Pergunte-se... Pergunte-se Que os são? Quem deveria sentir vergonha Não é o pobre mas quem cria pobreza O intelectualismo precisa ler Não apenas as palavras Ler o rosto, as emoções Ler o chão onde se planta Tudo pode ser páginas A África e sua fome... Fomos exilados da atualidade E por inerência ... Fomos expulsos do futuro Pergunte-se o que estamos lendo? Se for esperança de vida Ensine as crianças Elas precisam ler Crianças e lágrimas não combinam.