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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Em um canto

Há um canto... Em armário velho, as sobras Tintas, pregos e parafusos Há um baú onde estão Presente e passados Álbum com lembranças Um dia talvez eu precise Consertar alguma coisa Retocar as paredes Objetos em cantos guardados O cheiro do desprezo O mofo do abandono Mas um dia eu posso precisar Dias e anos, a ideia Posso precisar... Crianças não toquem nisso Há coisas que eu vou precisar Em nosso coração a um canto Como um baú bem fechado Onde colocamos Deus Um dia eu posso precisar... Um deus, ideia, objeto Em nossa tolice Guardar o que não é limitado Guardar o insondável Ele está em todos os espaços Em toda casa No céu, na terra Além das estrelas, ele está Não se guarda o que não se tem O Deus criador nunca será sobra O deus objeto está morto O Deus verdade está vivo Para quem o conhece Ele está em todos os cantos Nunca será sobra Nem sombra Ele é luz.

Repetição

Nas repetidas manhãs Nos vêm os pardais O orvalho e flores A vida em festa para quem traz seu repetido olhar O crepúsculo se repete Na noite as estrelas repetem seus brilhos Para quem traz seu repetido olhar Nos tornamos velhos em repetir a juventude Nos tornamos jovens em repetir ser criança Nos tornamos bons músicos Repetindo o manuseio com o instrumento Nada se apresenta pronto desde o berço Repetidas sensações, nos trazem o prazer O Belo e o bom nos invade a alma Quando repetimos nosso olhar Olhar de uma só vez é virtual O repetido olhar nos faz real O olhar paixão, olhar de amor Repetir o perdoar Setenta vezes sete... Comunhão, recomeçar Em repetições o que se deve rejeitar ? O que mata o corpo ? O que destrói a alma ? O que esperar de uma olhar a primeira vista ? A confirmação de um amor Repetição de olhares confirma a intenção Tudo em nossas vidas são atos de repetição Palavras repetidas, séculos após séculos Quem crer em mim... repetirá o que já fiz... Ressurgir dos mortos Repi

João 3:16

Sempre no mesmo trem Santa Cruz à Central Vagões lotados, homens prensados Cansados, olhares fundos e mudos A cada estação um turbilhão Empurrões, palavrões, ufas! Falta assento, falta espaço Os camelôs aos gritos Amendoim torradinho Bala de hortelã Quem vai querer ? Como viaja o pensamento... Os que constroem casas não têm tetos As que fazem sapatos andam de chinelos De repente surge um magrinho Quebrando o sono de todos Porque Deus amou o mundo de tal Maneira que deu seu filho unigênito para todo Que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna Terminava dizendo João 3:16 Quero dormir, cale a boca ! Outros, aqui não é lugar ! Eu não mereço, dá um tempo! O magrinho não calava Repetia as palavras Colocando sua cabeça na bandeja do julgar Risos, deboches silenciosos Uns vendem balas, outros amendoim Eu não vendo nada, trago a resposta Para sua viagem... viagem pro céu Os olhares sem nada entender Todos os dias o magrinho clamava No balanço do trem Acordava alguns para A Vida Com seu Joã

Tenho pensado

Nas tardes chuvosas Fico em meu leito cismando Elucubrações são muitas Nosso tempo, as vidas Sou um caniço pensante O vento vem para vergar Reflexões prosaicas são mais agradáveis Mas temos coisas graves, inumeráveis Não são banais As possibilidades são muitas Sabe o que muitos irão fazer amanhã ? Chorar e lamentar Os poderosos irão cometer os mesmos atos sórdidos São sessões de torturas, que prazer! Gente que fala contra o tráfico Usa cocaína, na beira de suas piscinas A sociedade a beira de sua falência Tudo descrito em tintas confusas Obscura tragédia em que mergulhamos Como será o jornal amanhã ? Ele nos revela aos poucos A poesia também precisa mostrar O que muito se recusam a ver Voltemos nossos olhar o mais rápido À lama em que nos colocamos Ou fomos colocados? Amanhã nosso rosto pode ficar mais sujo Quando as nuvens estão carregadas Sabemos que vem chuva Há momentos que não temos clareza Que direção tomar Mas precisamos saber o que evitar Entre o falso e o verdadeiro prezar Há