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Trajeto de um ex-menino


Na manhã surge o menino
Chorando a vida
Belo como um príncipe dos contos
Na cabeça a pureza e a ingenuidade das vítimas
Pronto para os acontecimentos,
Com os pés ao vento, corre em busca de pão
Mas nem só de pão vive o menino
Com os braços, que só ossos
Sem parentes
Não esqueci dos pais (não teve)
Sem retrato, sem registro
Sua madrasta era a miséria
Seu padrasto fora vítima de uma aposentadoria mal-recolhida
Adotado pela contravenção
Comia na casa da corrupção
Era tratado diferente,
pelos piedosos e por muitos religiosos
Estes lhe davam, roupas e comida; menos palavras de amor
Não brincou de bola e sim de bala (não é doce)
Não foi à escola; desaprendeu com a vida
Era doença contida
Levado ao médico, a consulta o insulta
Só bebendo água
Mas essa, está contaminada
Uma infecção, muitas injeções
A agulha não é descartável
O hospital era público
E ele, era privilegiado marginalizado
Tantos atalhos, andou, andou...
E de cansaço parou na praça da Paz
Um corre-corre, gritos e barulhos!
Pega! Pega, ladrão!
Logo ele estava passeando de camburão
Mas por excesso de contingente; virou indigente
No Instituto Médico Legal seu corpo foi pesquisado...
A causa-mortis foi difícil de entender (letra de médico)...
Ite...ite...ite?...
Humanite aguda!... foi isso

Será que em algum momento , ele ouviu de Cristo?

Comentários

  1. Existe uma proximidade com um texto que li de Chico Buarque de Holanda. Conclusão: Brilhante.

    Ats,
    Isaque Jota

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  2. Realidade de muitos meninos e meninas marginalizados... Triste realidade para quem não existe oportunidade! A realidade dói, por isso há tantos cegos na sociedade...!
    Até nós cristãos muitas vezes nos apartamos desse mundo real com o qual vivemos e convivemos cotidianamente. Versos profundos, tristes, reais, como dói a verdade.

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Amizade

Surge derrepente Já nós vem pronta Atitudes que marcam... Tatuam a alma No profundo do nosso ser Nos faz ir além Surge de madrugada Quando caímos Nos dá a mão A palavra que conserta No frio, é o calor Não marcamos audiência Pára tudo, para nos atender Surge de madrugada Quando nosso carro enguiça Nos devolve o que perdemos... Surge no clarão do dia Na fila de um banco Em um beco sem saída Mãos de enxugam nossas lágrimas Nos leva ao médico Nos visita no hospital Que escuta Nos encoraja Nos mostra seu coração Nos compreende Amizade de perto De longe De um jovem De um adulto de uma criança O estético de gestos A lembrança na oração Nos colocando sempre Diante de Deus.

Aparência

Ser prudente se faz preciso Saber o que é um iceberg Uma parte de rocha de gelo Uma parte flutuando nas águas  Só é visto a menor parte A maior está sob as águas  Até quando? Quando pensamos em Cactos Só lembramos dos espinhos Há os com flores Qual melhor ideologia a seguir? Tens certeza? Há muitas flores de plásticos Confundem as abelhas  Até os mais inteligentes se iquivocam Mas ninguém pode exigir Que seus erros mais trágicos Sejam admirados como se Fossem acertos Em nossos ideais de liberdade Caminhamos em escravidão  O homem abstrato que somos Precisa lembra-se que ele é Carne e osso: finito Podendo ou não ser eterno.

A verdade

A vida não é alegre Ainda não somos capazes Há ameaças...o caos Não nos rendemos As explicações divina Nietzsche e seu deus Você tem razão... Alias ele nunca existiu Morreu....o homem E o super-homem Estamos procurando Onde está, onde atua...? Nas casas, nos becos, nas ruas ?! Feito pela mãos dos homens Tem boca não fala... Tem ouvido não ouve O deus de Nietzsche Não fora encontrado A nanotecnologia Enxerga o minúsculo O super-homem É muito raquitico Estamos com dores Estamos com medo Perdemos os anéis Perdemos os dedos Precisamos sobreviver Os dias são negros Precisamos dizer não Indefinidas...teorias se repetem O que mudou?....nada Há algo definido Inteligente Nietzsche Onde estava seu saber Em seu iluminado ateismo ? Algo que não envelhece Não morre Feito água Feito luz Não criou teoria Ele um humilde homem Morreu por amor A verdade definida Imutabilidade Encontrar saída? Não carregue suas mochilas Teorias...sofismas Deus não morreu. ...