Tenho feito pouco, sou bem pouco Em tela meu pensar As palavras dizem não há mover Para isto se presta um poeta Chorar um jardim sem flores Vidas sem amores Ruas sem sabores Para que se presta um poeta? Gritar seus versos em um abismo Mesmo não tendo ouvintes Perfurar corações de pedra Até que venha sangrar Para que presta um poeta? As palavras são games Brinquedos são versos Os olhares não brincam Lágrimas do poeta Ver sujeitos sem conteúdo Sem consciência de si A que se presta sua poesia? Dizer o que o alegra Dizer o que o entristece O afastamento silencioso Sem chance de um retorno Árvores sem frutos Praças sem crianças Homens zumbis, zanzando Olhares para o nada... Para que se presta o poeta? Tirar seu olhar do espelho Deixando de se Narcisar Antes que tudo pereça Há vidas lá fora... Vidas precisando de Vida Se apressa poeta!