O asfalto queima os pés Há meninos malabalistas No sinal fechado, limões em mãos O artista sem máscara De uma vida amarga São poucos os segundos Por umas moedas Já me vem um outro Lavar o parabrisa Quem tem carro precisa enxergar Quem tem fome precisa comer Os homens se apressam O coração se fecha Antes que o sinal Não quero, não tenho Outra dia... A fome pode esperar... Limões aos ares não caem ao chão Nem se faz limonada Vida azeda, mais que ácida Muitas mães, muitos irmãos O sinal em atenção Os homens estão fechados Gravitando em seu pensar Bandidos!...Perigo! Não foram os meninos dos sinais Que comeram a merenda das escolas Foi um bicho chamado homem Ele devora as crianças E está solto pelas ruas Distribuindo cestas básicas