Quero flanar Ser uma pena Levado ao vento Sondar o precário Nosso outono trágico Ausência de primavera Folhas e homens ao chão Tudo que não sei Eu sei... aprendi nas ruas Flanei nos becos Nos labirintos dos guetos Embaixo das pontes Tropeçam os homens Em pedras, pobres zumbis Precariedade extrema Flagelos sem opção Entre lama e sangue Flanei a conversa De uma criança... Marcou-me a sua alegria Feriu-me sua dor Sem confidência, sem fingir Domingo vou passear Vou ao presidio Lá está minha mãe Ela fez o que não devia Em meu flanar Eu os vi bebendo refresco Com bolo de fubá Entre os muros cinzentos Os guardas não podiam conter Lágrimas e risos de felicidade A meiguice de uma mãe que sofre Voz embargada, sussurros... Não pegue no que é do outro Fique livre... siga limpo...