Sou peregrino andando em mim Ruas, avenidas, alamedas Sem RG, poeta se disfarça Andarilho só quer ser livre Na cidade sem alma Eu viajo... a seta está cravada Em um mundo em desencanto Não há destino para andarilho Vou no silêncio das luzes Voando feito pluma Consigo ver a inutilidade De quem não quer olhar Eu percebo a falta de ar Na cidade dos objetos Na cidade sem alma Há adultos fora da hora Crianças sem escolas Hospitais sem médicos Esqueceram, o que somos Não quero ser um objeto Sou um ser em extinção Consigo descançar A sombra dos insetos Nas trilhas das formigas Consigo entender suas idas e vindas O sentido do trabalho Antes do inverno Sou peregrino, não mendigo Não vivo de esmola Tenho no bolso ar Tenho no bolso a água O sol é meu companheiro Sou rico, busco almas Sonho viver em uma cidade Cidade da Utilidade Onde os homens são meninos E meninos homens com almas